sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Pássaros não merecem gaiolas foram feitos para voar


(Raquel Pereira)


















Lembro-me de um dia lá em casa, um dia de criança, um passarinho achado no quintal , um pouco ressabiado, encostado no muro, quase imóvel....
À medida que nos aproximávamos, ele dava pequenos passos, beirando o muro, não voava. Facilmente o capturamos.
Estaria ele doente?
Afinal, qual pássaro que se sabendo como tal não queira voar? Muito estranho! Dito e feito o bicho estava mesmo doente.
Não era sua falta de ciência de se perceber pássaro que o impedia de voar. Era a asa, a bendita asa que fora quebrada.
O que é um pássaro de asa quebrada se não alguém num exílio longe de tudo o que ama. Cela para que? Não é a grade que o prende, é muito pior, cortaram-lhe o sonho.
Cuidamos, alimentamos o danado do bichinho, engordou, curou-se, o ingrato queria voar! Minha alma de criança apegada, já o tinha feito animal de estimação:
- Mamãe não o solte!
-Ah! Filhinha é um pássaro e precisa voar.
E com lágrima nos olhos, ele se foi...
Na verdade ele não era ingrato, era só o meu coração apertado pelo apego, querendo engaiolar em aconchego o amor que por ele havia dedicado.
Mamãe estava certa, pássaros não merecem gaiolas foram feitos para voar. Então cresci aprendendo a deixar livre.
Deve ser triste demais engaiolar e ser engaiolado. Com essa história aprendi que ao meu lado, só quero quem estiver a fim de ficar. Se quiser ir... adeus, até logo, volte se um dia quiser.
Que da vida só quero consertar asas e ajudar a voar. Adeus gaiolas! Voem pássaros e embelezem o céu.

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