domingo, 6 de setembro de 2015

No divã

                   ( Raquel Pereira)
 
 
 
 
 
 
 
  Em conversa com a minha terapeuta, fazendo analogia de um dos capítulos do Meu pé de Laranja Lima com um dos exercícios feitos na sessão, surgiu o seguinte trecho dito por ela, que me provocou bastante:
  Pescar exercita a paciência, reflexão. Só pescamos um peixe de cada vez....Se jogarmos a rede virá de tudo, agora com a vara será um de cada vez.
  Eu amo jogar com as palavras, até brinquei com ela na hora que a sua colocação daria um texto muito bacana. Para quem tem a alma sensível tudo vira inspiração, é só deixar os olhos abertos e não caçar nada, elas aparecem sem esperarmos, como se viessem ao nosso encontro loucas para serem escritas.
  Aquele pequeno  trecho fez um pimpolhar de ideias dentro de mim, chegando como criança peralta que sai apertando as campainhas sem medo de ser feliz, incomodando sem pudor nenhum a vizinhança toda.
  E como criança brincalhona aquelas palavras dialogaram sem reservas ou etiquetas, me disseram da maneira mais clara possível:
  - Para que as coisas aconteçam à alma precisa estar tranquila longe do turbilhão de acontecimentos e inquietações. Quando jogamos a rede nos tornamos menos seletivos, menos seletivos por não priorizar ou ter paciência em ouvir a nossa própria consciência, no fundo sabemos o tempo todo o que queremos , mas em meio a tantas coisas que acontecem, há uma bagunça enorme na rede e nos perdemos, nos perdemos por não saber separar o que é mais importante.
  Entendi que é preciso exercitar a paciência, a reflexão, é preciso pescar um peixe de cada vez, e para isso é preciso que haja silêncio na alma.

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